
Título da coreografia de Henrique Rodovalho remete ao breve momento em que o céu ganha as cores de pêssego. Essa imagem foi motor para criação: uma metáfora dos instantes que precisam ser reconhecidos antes que se percam
Céu de Pêssego é o primeiro projeto Quasar Cia de Dança, com sede em Goiânia, criado em São Paulo. Com coreografia de Henrique Rodovalho, o espetáculo nasceu do desejo de encontro entre o coreógrafo e oito artistas da dança, de diferentes gerações: Carolina Amares, Daniela Moares, Fabiana Nunes, Jorge Garcia, Lavínia Bizzotto, Luciane Fontanella, Luiz Oliveira e Samuel Kavalerski. O trabalho inédito traz para a cena a linguagem construída da Quasar, interpretada por esse grupo de artistas com carreiras reconhecidas e consolidadas. A trilha sonora foi especialmente composta por Lívia Nestrovski e Fred Ferreira; Cássio Brasil, parceiro de muitos anos da Quasar, assinou figurinos e cenário. A estreia no Farol Santander Porto Alegre acontece no dia 31 de outubro, sexta-feira, às 20h. As apresentações seguem até 9 de novembro. Os ingressos serão vendidos a partir de 6 de outubro. Para adquirir, basta acessar a plataforma da Sympla.
O projeto está sendo realizado por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, com apresentação do Ministério da Cultura, patrocínio Santander Brasil, apoio da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e realização da Entre Produtora, Quasar Cia de Dança e Ministério da Cultura – Governo Federal.
Céu de Pêssego reuniu no elenco ex-bailarinos do grupo, artistas que já dançaram a linguagem da Quasar em projetos e coreografias específicas e também quem nunca tinha experimentado seu estilo. O essencial era que todos já tivessem uma carreira sólida, com experiência cênica, desejo de compartilhar esse momento e ter referência das formas de movimento do grupo.
O modo de criar da companhia, que une inventividade dos movimentos, humor e percepções do tempo presente, tornou a Quasar Cia de Dança, fundada em 1988, em Goiânia, por Vera Bicalho, diretora geral, e Rodovalho, uma das principais representantes da dança produzida no Brasil, com repercussão nacional e internacional. Desde então, ao romper fronteiras de sua localização, também alimentou um modo de pensar e fazer dança.
Nesse sentido, Céu de Pêssego é um novo passo para a Quasar, não uma ruptura em sua trajetória. “Esse desejo de encontro começou em 2019 e muitas coisas aconteceram antes de conseguirmos realizá-lo, como a pandemia. Nesse tempo, estivemos sempre em contato, para não perder a vontade de levar o projeto adiante. De alguma forma, essa trajetória nos enriqueceu para o processo. A ideia era cada um trazer sua história, sua dança, e a coreografia tem isso, o movimento, o estilo da Quasar sendo interpretado ou sendo dito por esses corpos, esses artistas especiais para nós”, diz Rodovalho.
Para Vera Bicalho, a experiência com esse elenco, hoje com maturidade, foi muito rica. “A postura de cada um, com uma visão mais tolerante e profissional para as diversas situações que enfrentamos, foi importante para realizar o projeto. A rapidez de colocar em cena um espetáculo em tempo tão curto, acredito que só foi possível por conta da consciência corporal e experiência, além da dedicação e concentração”, completa.
Criação
O título da coreografia remete ao breve momento em que o céu ganha as cores de pêssego. Essa imagem foi motor para criação e provocação para o elenco. “Esse céu passageiro e belo é uma metáfora dos momentos importantes que precisamos estar atentos para não perdemos”, diz o coreógrafo Henrique Rodovalho. “Esse encontro foi desejado por muito tempo e trabalhar com esses artistas foi desafiador, com suas carreiras, suas histórias e suas personalidades”, completa.
A partir dessa ideia e da personalidade de cada intérprete, Rodovalho propôs a composição das cenas, que trazem a assinatura da Quasar no modo de criar, movimentos exigentes impulsionados por diversas partes do corpo, apresentados em conjuntos, solos, trios, duos e quintetos.
O tema da efemeridade cotidiana, as relações humanas e o desejo em diversas formas, sem deixar de lado o humor, estão também presentes na obra. Embora Céu de Pêssego seja um trabalho coreografado em grande medida, cada um do elenco trouxe alguma informação para a construção da coreografia, seja em relação ao momento em que vivia ou o próprio desejo de movimento.
“Dentro do processo teve uma questão muito forte, que é a expectativa, eu como coreógrafo e os outros como intérpretes, como bailarinos. Não tinha muita ideia de como seria este espetáculo porque ia ser parte da troca que ia acontecer nos ensaios, no dia a dia. Essas questões vieram e foram sendo desenvolvidas naturalmente. Vejo o resultado muito positivo. No final, acho que voltou o prazer de todos, de dançar novamente, de estar em cena, de estar dançando. Para mim, o prazer de coreografar foi expandido em outras dimensões, em outros limites”, revela Rodovalho.
Trilha e Figurino
A trilha sonora, composta por Fred Ferreira e Lívia Nestrovski, e os figurinos, criados por Cássio Brasil, procuraram contemplar a personalidade de cada intérprete, sem deixar de lado a construção coreográfica, um diálogo entre individualidade e conjunto.
No processo de criação, cada um do elenco apresentou suas ideias de músicas, sugeriu tonalidades de azul (cor de todos os figurinos) e formas de cada peça.
“Os bailarinos e bailarinas são muito distintos entre si, pessoas com uma longa carreira. Isso os torna, cada um deles, um universo muito próprio. E, num primeiro momento, buscamos formas da trilha que poderiam ressaltar a qualidade individual, as diferenças entre eles e também, obviamente, as conexões possíveis. Mas no processo de criação, é preciso criar narrativas e um conteúdo que consiga conversar e estruturar toda uma estética. Fomos criando e tendo retorno com as coreografias, entendendo como aquilo impactava os movimentos, e reestruturamos o pensamento musical. É um processo que vai se retroalimentando”, coloca Fred Ferreira.
Cássio Brasil, que tem uma longa jornada ao lado da Quasar e do próprio Rodovalho em outros trabalhos, procurou também contemplar os desejos iniciais de cada intérprete, sem perder de vista o conjunto e a necessidade coreográfica. Com peças em diferentes tons de azul e modelagens, ele conta que a proposta era o bailarino interferir na criação dos figurinos; por isso, a primeira iniciativa foi ouvir as pessoas. “Tínhamos a preocupação em respeitar os desejos das pessoas”, conta.
Serviço
Céu de Pêssego | Quasar Cia de Dança | 50 minutos | Livre
Farol Santander Porto Alegre
Dias: primeira semana, 31|10, 1 e 2|11 | segunda semana, de 5 a 9|11
Horários: sextas-feiras, 20h | quarta, quinta, sábados e domingos, 19h
Endereço: Rua Sete de Setembro, 1028, Centro Histórico | Acessibilidade: Sim
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e 30,00 (meia) | Início das vendas: dia 6 de outubro, via Sympla ou na bilheteria do Farol Santander
Audiodescrição: Todas as sessões têm recursos de audiodescrição, possível de acessar por meio de fones de ouvido.
Capacidade: 300 lugares
Coordenação Local: Branco Produções