O Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em parceria com o Instituto Atlantos, realizou neste sábado (19) a segunda edição do programa Empreendedores do Amanhã. O evento reuniu 280 jovens em situação de vulnerabilidade na NAU Live Spaces, em Porto Alegre, cerca de 50% a mais na comparação com o ano passado. O objetivo é motivar e capacitar os estudantes para temas como empreendedorismo, educação financeira, mercado de trabalho e carreira.
Coordenador do IEEImpacto, iniciativa que realiza projetos sociais do IEE, Stefano Tremea comemorou a reunião de 280 jovens em situação de vulnerabilidade social em torno de palestras que estimulam o empreendedorismo e a educação financeira. “O evento é um sucesso por estimular essa parcela da sociedade que muitas vezes fica à margem dos projetos dos governos, das instituições públicas. Estimular a ser empreendedor, com mais responsabilidade na parte financeira, mais disciplinado, focado em crescer e ascender socialmente. Acho que essa é a principal mensagem, é causar um impacto, uma transformação na vida das pessoas a qual talvez elas não tivessem acesso em outros lugares”, conclui.
O evento começou com a palestra do criador do projeto Empreendedor Periférico, Alex Vilela. Ele falou sobre a sua trajetória de vida em São Paulo, onde teve uma infância pobre e repleta de dificuldades, como a prisão do pai. Vilela sobrevivia da forma como era possível, como vendedor de bala, por exemplo.
Foi por meio do empreendedorismo que Vilela conseguiu melhorar as suas condições econômicas. Investiu no mercado financeiro e em empresas e, hoje, afirma que realizou todos os seus sonhos. “Eu queria mudar e consegui mudar não só a minha vida, mas a de toda a minha família”, aponta. Um conselho que dá é não ter pressa para ganhar mais dinheiro, e persistir empreendendo, investindo e aprendendo. O importante é começar. “Tem gente que não sai da linha de largada. Não importa de onde se saia, o que importa é onde se quer chegar”, comentou.
Na sequência, a psicóloga Carolina Fuhrmeister, da Grou – um hub de soluções em gestão comportamental atuante em todo o Brasil –, sugeriu que os jovens “driblem” tudo que os leva a questionar se podem conseguir o que almejam. Como exemplo de alguém que tomou essa atitude, apresentou Jacson Cavalheiro, também da Grou. Ele disse que teve uma história de vida parecida com a de Vilela. Começou a trabalhar na Ceasa com 12 anos. Aos 16, teve a carteira assinada pela primeira vez, por um escritório. Aproveitou todos os cursos gratuitos que apareceram, formou-se em Administração de Empresas e enveredou pelo setor de RH, entrando na Grou. “Não existe aquele pote de ouro no final do arco-íris. Quando se entra na faculdade, você pega o pote e o coloca no final do arco-íris. E vai pondo ali moedinha por moedinha”, ensina.
Os estudantes também participaram de uma atividade de educação financeira, o Jogo da Vida. Na ocasião, grupos de seis a oito participantes recebiam notas que representavam o dinheiro do mês e dividiam o valor entre os gastos familiares, como saúde, educação, lazer e reserva de emergência. Ao final, os coordenadores dos grupos eram chamados ao palco para receberem custos extras que haviam surgido no mês, e então os jovens deveriam decidir em que áreas cortar para cobrir o gasto inesperado.
A terceira palestra do dia coube ao CEO e fundador da Faz Capital, Lucas Ferraz. Dos 12 aos 18 anos, trabalhou na vidraçaria do pai no interior gaúcho, de quem recebeu a orientação sobre a dedicação ao trabalho. No entanto, um dia o pai foi preso por tráfico de drogas. Ferraz lembra do momento em que visitou o pai na cadeia, um dos mais difíceis da sua vida. Teve de mudar de escola porque as mães dos colegas não queriam que eles andassem com o filho de um detento. Mas Ferraz não desistiu. “A gente pode sofrer, acontecem coisas boas e ruins. Mas não devemos deixar que isso nos limite. O fato de meu pai ter cometido um grande erro não diz nada sobre mim”, declara. “As oportunidades aparecem para quem está dando o seu máximo”, completa. Depois de se mudar para Porto Alegre, Ferraz começou a empreender e hoje lidera a Faz Capital.
Mapa dos Sonhos Profissionais
A segunda dinâmica do dia envolveu o Mapa dos Sonhos Profissionais, um desafio cujo objetivo foi explorar carreiras de forma criativa e visual. Grupos de seis a oito jovens representaram suas aspirações profissionais em uma mapa que uniu os interesses e as habilidades de todos eles. Depois, símbolos ou palavras foram usados para representar os sonhos, e, ao conectarem esses elementos, os estudantes criaram caminhos de desenvolvimento (como cursos, habilidades a adquirir, experiências necessárias) que se interligavam.
O empresário Ricardo Frozi fez a última palestra. Assim como nos casos dos palestrantes anteriores, Frozi passou por muitas dificuldades, mas não desistiu. Ele relatou aos jovens sobre a sua trajetória, que inclui profissões como jogador de futebol, motorista de Uber e manobrista. Até que resolveu empreender e criou a Recheadinhos, marca que começou com a venda de pão de queijo recheado em uma carrocinha no bairro Lomba do Pinheiro. O negócio passou por inúmeros desafios, inclusive dívidas enormes, então Frozi decidiu vender xis, e aí o negócio deslanchou. Hoje, fatura quase R$ 250 mil por mês. “Lembrem sempre de tudo que vocês passaram”, salientou, acrescentando que é essencial evitar a zona de conforto. Ele mantém o projeto Lomba Empreende, que é voltado para fomentar o empreendedorismo no bairro.
Aluno do Instituto Calábria, Angelo Gabriel, 18 anos, aprovou o projeto. “Trouxe vários aprendizados que me fizeram refletir sobre a minha mentalidade e a me desenvolver no aspecto profissional e pessoal”, ressalta.
Sobre o IEEImpacto
O IEEImpacto é uma iniciativa que realiza projetos sociais do IEE, entre eles o Empreendedores do Amanhã, voltado ao empreendedorismo e ao mercado de trabalho para jovens. Os outros projetos são o Professor Voluntário, que contribui para a formação de alunos e a capacitação de professores da rede pública de ensino em Porto Alegre; o Jovens no Fórum, em que eles fazem uma imersão no ecossistema do Fórum da Liberdade, sendo convidados para o evento sem nenhum custo envolvido; e a parceria Junior Achievement e Senai + IEE, que oferece conteúdos diversos, como carreiras no mercado de trabalho, formas de se capacitar, profissões e tecnologias, por meio de aulas online a 1,5 mil alunos.
Sobre o IEE
O IEE é uma instituição civil sem fins lucrativos ou compromissos político-partidários, fundada em Porto Alegre em 1984 e que organiza o Fórum da Liberdade anualmente. O Instituto tem como objetivo incentivar e preparar novas lideranças, com base nos conceitos de economia de mercado e livre iniciativa.
Uma das principais atribuições do IEE é a formação de lideranças com capacidade empreendedora. Nesse sentido, estimula o debate e a troca de experiências entre os seus associados para que desempenhem suas funções na sociedade de forma ética e planejada, com persistência e motivação para conquista do sucesso em suas áreas de atuação.
Fotos: José Florêncio/ Divulgação