Apesar da alta no percentual de endividados, indicadores de inadimplência recuaram na passagem do mês
A edição de outubro da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS), da CNC, revelou que o percentual de famílias em situação de endividamento foi de 94,2%. Esta foi a quinta alta consecutiva do indicador. As entrevistas foram realizadas em Porto Alegre, nos últimos 10 dias do mês de setembro de 2024.
Os dados revelaram que o percentual de famílias gaúchas endividadas seguiu elevado em patamares históricos. Em termos de endividamento, 28,9% das famílias se declararam muito endividadas, percentual maior do que o registrado na edição de maio de 2024 (27,4%), que antecedeu a crise, mas muito semelhante ao de outubro de 2023 (28,8%). Após as enchentes, houve uma queda no percentual de famílias que afirmaram estar pouco endividadas ou sem os tipos de dívida considerados na pesquisa. A parcela da renda comprometida por dívidas foi, em média, de 27,7%, um valor praticamente estável na comparação mensal e levemente superior ao de outubro de 2023. Desde as enchentes, a média da renda comprometida aumentou 1,2 pontos percentuais em relação à média verificada nos cinco primeiros meses de 2024.
O percentual de famílias com contas em atraso foi de 38,1%, registrando a segunda queda consecutiva na comparação marginal e também ficando abaixo do registrado em outubro de 2023 (42,0%). A redução marginal do percentual de famílias em situação de inadimplência ocorreu devido à diminuição de contas em atraso na faixa de renda superior a 10 salários mínimos. Na faixa de renda inferior a 10 salários mínimos, o percentual passou de 43,4% em setembro de 2024 para 43,6% em outubro de 2024, mas ficou abaixo dos 47,8% registrados em outubro de 2023. O tempo médio de pagamento em atraso foi de 30,2 dias, o menor valor desde o início da série histórica, em janeiro de 2010.
O percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas nos próximos 30 dias foi de 3,4%, inferior ao de setembro de 2024 (3,7%), mas ainda superior ao de outubro de 2023 (2,6%). A queda do indicador na margem foi acompanhada de um aumento no percentual de famílias que afirmam ter condições de quitar a totalidade das contas em aberto no próximo mês, um sinal positivo na análise da inadimplência.
“A PEIC traz sinais mistos. Apesar do contínuo aumento do percentual de famílias endividadas, os indicadores de inadimplência apresentaram melhora. As necessidades de consumo geradas pelas enchentes ajudam a explicar, em parte, o aumento do endividamento das famílias. Por outro lado, o mercado de trabalho aquecido ajuda a justificar a melhora na inadimplência. Todavia, a alta dos juros pode influenciar a tendência futura da inadimplência”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.