
Filmes brasileiros se destacam, com mais de 8 milhões de ingressos vendidos, e Thunderbolts* alavanca bilheteria na semana de estreia
O mercado exibidor segue a tendência já iniciada no ano passado, de aumento de público e faturamento, com alta de 15% de janeiro a abril, em comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com dados da Filme B Box Office. E as oportunidades para que o crescimento seja ainda maior seguem aparecendo. O novo filme da Marvel, por exemplo, teve faturamento de R$ 19,8 milhões entre os dias 1º e 4 de maio, levando 842,1 mil pessoas aos cinemas, segundo a Commscore box Office.
E os longas nacionais também têm um papel relevante nesse crescimento. Levantamento da ABRAPLEX (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), mostra que as produções brasileiras foram responsáveis por levar mais de 8,3 milhões de pessoas aos cinemas em 2025, rendendo um faturamento de mais de R$ 155 milhões. São números que trazem otimismo para o setor, mas a Associação reforça que a retomada completa pós pandemia segue distante.
“Ao longo da pandemia e dos anos seguintes, em que se somou a paralisação das produções por conta do coronavírus uma greve em Hollywood, que atrasou ainda mais a finalização dos longas, tivemos uma entrega menor da nossa principal matéria-prima, os filmes. Para se ter ideia, em 2023, foram lançados 161 títulos a menos do que em 2019. Hoje, acreditamos que alcançaremos – e ultrapassaremos – os patamares de 2019. Mas a expectativa é que isso ocorra somente em 2027”, comenta Marcos Barros, presidente da ABRAPLEX.
Ele reforça que o apoio da ANCINE, do MinC e do Comitê Gestor do FSA, com o empréstimo emergencial, e o PERSE foram fundamentais para que o setor pudesse se manter, principalmente levando em consideração que 90% do parque exibidor é composto por empresas familiares. O executivo, que vive o mercado há quase 30 anos, complementa que a exclusão do PERSE, inicialmente projetado para durar cinco anos, preocupa os empresários do setor.
“O PERSE não foi suficiente para resolver todos os desafios que temos pela frente, visto que os cinemas são atividades complexas, que envolvem o tipo de filme lançado, a adesão do público, o poder de compra da população e os hábitos de consumo. Mas não há como negar que a renúncia fiscal gerada pelo Programa é imprescindível para que possamos continuar a operar e recuperar o fluxo de caixa”.
Cinema Nacional
A alta procura por filmes brasileiros no início de 2025 chama a atenção dos exibidores. Os dados da Filme B Box Office mostram que o market share nacional está na casa dos 20%, muito semelhante aos quatro primeiros meses de 2024, mas esse desempenho se deve, em grande parte, a três produções específicas: O Auto da Compadecida, Ainda Estou Aqui, Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa e Vitória. Das 67 produções brasileiras lançadas nos primeiros quatro meses deste ano, somente esses títulos ultrapassaram – ou chegaram próximo de – 1 milhão de ingressos vendidos.
“Esses números reforçam a necessidade de políticas de fomento à produção que privilegiem não só a quantidade de títulos, mas também o sucesso comercial dos conteúdos. Em 2024 somente 10 filmes foram responsáveis por mais de 86% do público dos filmes brasileiros. É urgente uma regra de investimentos que privilegie também a adesão do público aos conteúdos produzidos por meio de Leis de Incentivo, e não somente a quantidade de filmes feitos”, argumenta Barros.
O caminho para a retomada
Para a ABRAPLEX, é necessária combinação de fatores para que a indústria supere os recordes históricos: produções que tenham potencial de atração do público, políticas eficazes de combate à pirataria e a regulamentação da janela de lançamento dos filmes no streaming.
Sobre a janela de exibição, Barros explica que a regulamentação é essencial para os exibidores possam explorar melhor os filmes, principalmente os de boa sustentação, ou seja, que seguem atraindo a atenção do público mesmo após algumas semanas em cartaz. Hoje, a média da janela para entrada no streaming no Brasil é muito curta, cerca de 45 dias. Isso compromete, principalmente, os filmes de médio e pequeno porte.
“Além disso, hoje temos longas que são transmitidos pelas redes sociais no momento da estreia. Assim que um longa é lançado, links e mais links se espalham pela internet e a velocidade do combate é inferior à da propagação desses materiais. Isso precisa mudar. É urgente a ampliação do combate à pirataria, a indústria audiovisual, como um todo sofre demais com isso. O parque exibidor, especificamente, é bastante afetado. O único momento em que os cinemas rentabilizam é quando o filme está em cartaz e ter, simultâneamente, esses conteúdos à disposição de forma ilegal na internet prejudica a adesão do público e traz grandes prejuízos”, finaliza.
Sobre a ABRAPLEX
Criada em 2000 com o objetivo de representar institucionalmente as exibidoras detentoras de multiplex no País, a ABRAPLEX tem dois importantes propósitos que norteiam seu compromisso com associados, mercado e sociedade: ampliar significativamente o número de municípios com telas, democratizando o acesso à cultura e entretenimento, e rever a regulamentação do setor. Mais de 50% do total de salas em funcionamento no Brasil são de associados da entidade, representando 65% da bilheteria nacional.