Filme que encerra a trilogia política do diretor Caco Ciocler estreou na Mostra Novos Rumos do Festival do Rio

 

O Festival do Rio 2025 encerrou sua 27ª edição celebrando o melhor do cinema contemporâneo com o anúncio dos vencedores do Troféu Redentor da Première Brasil e do Prêmio Felix. A cerimônia aconteceu na noite deste domingo (12), no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro. Na Mostra Novos Rumos, o longa EU NÃO TE OUÇO, de Caco Ciocler, saiu premiado com o Troféu Redentor de Melhor Ator para Márcio Vito. A obra faz um retrato de uma sociedade dilacerada pela impossibilidade de escuta diante do embate entre narrativas truncadas e ideologias cooptadas.

 

Brasil, 2022. Uma cena materializa um país: na tentativa de impedir um caminhão de furar um protesto de apoiadores de um derrotado Jair Bolsonaro contra a vitória de Lula nas eleições presidenciais, um homem vestido de verde-e-amarelo, braços abertos em cruz, agarra-se à frente do veículo e é arrastado, por quilômetros. O episódio impensável serviu de inspiração para o filme de Caco Ciocler.

 

Para dar conta de um Brasil que perdeu a capacidade de se ouvir, o diretor convocou Márcio Vito — veterano de filmes como A Ostra e o Vento (1997), A Vida Invisível (2019) e Malu (2024). Entre a sátira e o comentário político, o ator vive tanto o motorista do caminhão quanto o “patriota”, inaugurando um jogo de espelhamento e projeção. Um não-diálogo, interditado pelo vidro do veículo que separa o País.

 

“EU NÃO TE OUÇO é um filme sobre esse vidro. Três anos depois, com Bolsonaro julgado e preso por tentativa de golpe de estado e Trump aplicando sanções econômicas ao país em punição à decisão da Suprema Corte, o país segue tentando uma conversa consigo mesmo que soa cada vez mais impossível”, afirma Ciocler, que resume: “Não ouvir não é mais condição, virou desejo”.

 

Ator premiado no teatro, cinema e na TV, Caco Ciocler começou uma carreira como diretor que já soma um curta e quatro longas. Os três últimos formam a trilogia política do cineasta: Partida (2019), O Melhor Lugar do Mundo é Agora (2022) e EU NÃO TE OUÇO encerra com chave de ouro.

 

Sinopse:

Um encontro improvável entre dois brasileiros transforma-se num road movie inusitado, um dispositivo radical de espelhamento onde sobrevivem apenas fragmentos de discursos. Trafegando pelo humor, a tensão e momentos poéticos, o filme faz um retrato de uma sociedade dilacerada pela impossibilidade de escuta diante do embate entre narrativas truncadas e ideologias cooptadas.

 

O DIRETOR

Caco Ciocler estreou na direção com o curta Trópico de Câncer, vencedor de Melhor Filme no Festival do Minuto. Dirigiu quatro longas premiados, entre eles Esse Viver Ninguém Me Tira (Melhor Documentário no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles), Partida (Melhor Filme em Málaga e no Festival de Documentários do Porto) e O Melhor Lugar do Mundo é Agora (Prêmio do Público na 45ª Mostra de São Paulo). Eu Não Te Ouço fecha sua trilogia política iniciada em 2018 com Partida. Na ficção, dirigiu quatro episódios em duas temporadas da série Unidade Básica , que também protagoniza, disponível na Globoplay.

 

ELENCO

Márcio Vito …………… o caminhoneiro/o patriota do caminhão

Caco Ciocler …………… entrevistador (voz)

 

FICHA TÉCNICA

Produzido por AMAIA em coprodução com UNO FILMES, 555 STUDIOS e SCHIFIGUER

Direção: Caco Ciocler

Roteiro: Caco Ciocler, Isabel Teixeira e Márcio Vito

Produção: Diane Maia, Caco Ciocler e André Novis

Produção Associada: Fernando Palermo, Carlos Vecchi e Eduardo Nasser

Produção Executiva: Carlos Eduardo Valinoti

Direção de Fotografia: André Faccioli

Direção de Arte: Marcelo Escañuela

Som Direto: Ubiratan Guidio

Mixagem: Toco Cerqueira

Desenho de Som: Mariano Alvarez

Montagem: Caroline Leone

Trilha Original: Arthur De Faria, Mauricio Pereira e Felipe Pipo

 

SOBRE A AMAIA

Em atividade desde 2016, a produtora audiovisual comandada por Diane Maia esteve à frente de filmes de ficção, documentários e séries de TV exibidos e premiados em festivais internacionais. “Aeroporto Central” (2017), de Karim Aïnouz, ganhou o Prêmio da Anistia Internacional no Festival de Berlim, e “Todas as Canções de Amor” (2018), dirigido por Joana Mariani, foi considerado o melhor filme brasileiro para o júri da crítica na Mostra de Cinema de São Paulo, que também consagrou “O Melhor Lugar do Mundo É Agora” (2021), de Caco Ciocler, com o prêmio do público de melhor documentário. A empresa também produziu a comédia “Vai Ter Troco”, de Mauricio Eça; a biografia de Sidney Magal “Meu Sangue Ferve Por Você”, de Paulo Machline; além do longa “O Personagem”, está desenvolvendo projetos com o escritor Marcelo Rubens Paiva e o diretor Cao Hamburger.