
Em exibição até março de 2025, a mostra apresenta momentos decisivos da arte contemporânea brasileira desde a década de 1970
Para a Miami Art Week 2024 deste ano, a Galeria Piero Atchugarry apresenta a exposição ‘Five Decades of Galeria Raquel Arnaud’. Esta exposição marca meio século de existência da galeria paulistana. A mostra apresenta momentos decisivos da arte contemporânea brasileira desde a década de 1970 e revela como a galerista consolidou, de forma visionária, um projeto artístico claro e coerente, promovendo grandes artistas como Amilcar de Castro, Guto Lacaz, Arthur Luiz Piza, Waltércio Caldas, Iole de Freitas, entre muitos outros.
A história da galeria é apresentada ao público com obras de artistas que passaram pelo espaço, como Sergio Camargo, Ding Musa, Sérvulo Esmeraldo e Mira Schendel, artista suíça que expôs a série ‘Sarrafos’ na instituição pouco antes de falecer, em 1988.
“A primeira exposição que fizemos no Gabinete de Artes Gráficas foi a de Arthur Luiz Piza, com 70 gravuras, um sucesso, todas vendidas e mais algumas encomendadas. O artista Arthur Piza foi o primeiro artista em minha vida de galerista, e o acompanhei até sua morte em 2017”, destaca Raquel Arnaud.
No início de sua carreira como galerista, enquanto desenvolvia a carreira de artistas plásticos, Raquel Arnaud dirigiu a galeria Arte Global, na Rede Globo. Uma experiência única no mercado de arte brasileiro, que levou obras de artistas plásticos para o horário nobre da televisão por meio de peças publicitárias criadas para a linguagem audiovisual. Uma experiência inusitada no mundo artístico, mas importante na consolidação de uma cultura de arte.
Grandes nomes do movimento neoconcreto fazem parte do DNA da galeria desde sua formação. Willys de Castro, por exemplo, explorou possibilidades no campo da abstração geométrica e sempre teve espaço para expor suas criações, tendo realizado sua última mostra individual na instituição em 1986. No mesmo ano, a veterana Lygia Clark participou de sua última exposição coletiva na galeria. A escultora chamou a atenção por suas declarações sobre não ser uma artista. Nos últimos anos de sua vida, próxima à psicanálise, a dama do neoconcretismo incorporou mais trabalhos gestuais em sua obra.
Five Decades of Galeria Raquel Arnaud at Piero Atchugarry Gallery.
Crédito: Piero Atchugarry Gallery
E foi justamente na década de 1980 que a instituição entrou em uma nova fase e passou a ser conhecida como Gabinete de Arte Raquel Arnaud. Novos nomes como Nuno Ramos e Tunga se destacam na programação da galeria com suas técnicas inovadoras. Ao mesmo tempo, foi exposta no Gabinete de Arte a série “Carimbos”, de Carmela Gross, uma obra que criticava diretamente a censura do regime militar ao lidar com a reprodução em massa de imagens.
Em um primeiro momento, houve pouca participação do público na exposição. Mas o reconhecimento veio anos depois, quando a obra foi incorporada à coleção permanente do MoMA, em Nova York, confirmando o olhar apurado de Raquel para as novas tendências.
A ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino exibiu alguns de seus trabalhos mais ousados com Raquel Arnaud. Conhecida por obras que retratam os perigos de regimes autoritários, com forte teor polêmico, Maiolino também explorou as possibilidades de linhas, dobras e formas em trabalhos com argila e tecidos.
“Continua sendo um desafio, como sempre foi, dar continuidade à linha de trabalho da galeria, considerando, de um lado, os nomes consagrados que represento há muitos anos e, de outro, os jovens talentos que também serão reconhecidos, em uma conversa geracional investigativa e produtiva”, ressalta Raquel.
Ao destacar expoentes dos movimentos concreto, cinético, abstrato e geométrico, a Galeria Raquel Arnaud não deixou de abrir suas portas para artistas de outras áreas. Ao longo dos anos, o diálogo tornou-se sinônimo da curadoria dessa dama das artes, que apresentou artistas muito diferentes, como Vik Muniz, Regina Silveira e Lygia Pape. Alinhada a experimentos visuais e atenta às tendências internacionais, a galerista foi uma das primeiras a trazer grandes nomes da arte cinética, como Almandrade, Jesús Rafael Soto e Carlos Cruz-Diez.
Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC), em 1997, para documentar e catalogar obras de artistas do gênero, como Sergio Camargo e Willys de Castro, os primeiros a terem seus acervos incorporados à instituição graças ao papel da galerista. O projeto de reunir arquivos para pesquisa e consulta pública demandou tempo, dedicação e recursos próprios, já que a instituição se propôs a um papel pioneiro na disponibilização de material até então inédito para pesquisadores.
Galeria Piero Atchugarry
Em dezembro de 2018, com um espaço estabelecido em Garzón, no Uruguai, Piero Atchugarry expandiu seu programa para a América do Norte em um armazém no renomado bairro Design District, em Miami. Um espaço de arte de 9.000 pés (aprox. 2.743 m quadrados), a Galeria Piero Atchugarry tem o compromisso de apoiar e apresentar o trabalho de artistas locais e internacionais com uma abordagem institucional.
Survey Space
Com 940 pés (aprox. 287 m quadrados), o espaço de exposição Miami Survey oferece exposições individuais e coletivas de igual importância em uma escala menor. Destacando uma variedade de artistas contemporâneos e emergentes, o Survey Space incorpora um programa mais experimental. Ocasionalmente, os artistas representados pela Galeria são convidados a apresentar um corpo de trabalho exploratório fora de sua obra habitual.
Visite a Galeria Piero Atchugarry em pieroatchugarry.com
A Piero Atchugarry está localizada na 5520 NE 4th Avenue, Miami FL 33137.
Sobre a Galeria Raquel Arnaud
Criada em 1973, com o nome de Gabinete de Artes Gráficas. Com espaços marcantes assinados por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe Crescenti, o Gabinete passou por diferentes endereços, como as avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luís Antônio, além do espaço que havia pertencido ao Subdistrito Comercial de Arte, na rua Artur de Azevedo, em Pinheiros, no qual permaneceu de 1992 a 2011.
A Galeria Raquel Arnaud o foco no segmento da abstração geométrica e a atenção especial dada às investigações da arte contemporânea – arte construtiva e cinética, instalações, esculturas, pinturas, desenhos e objetos – perpetuaram a Galeria Raquel Arnaud no Brasil e no exterior, tanto por sua coerência como pela contribuição singular para valorização e consolidação da arte brasileira. Para isso, contribuíram de forma fundamental artistas como Amilcar de Castro, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Sergio Camargo, Hércules Barsotti, Waltercio Caldas, Iole de Freitas e Arthur Luiz Piza,Guto Lacaz, entre outros.
Atualmente com sede na rua Fidalga, 125, Vila Madalena, a Galeria Raquel Arnaud representa artistas reconhecidos nacional e internacionalmente – Sergio Camargo, cujo espólio a Raquel é responsável, Waltercio Caldas, Carlos Cruz-Díez, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo, Iole de Freitas, Maria Carmen Perlingeiro, Carlos Zilio e Tuneu. Os mais jovens atestam a consolidação de novas linguagens contemporâneas – Frida Baranek, Geórgia Kyriakakis, Julio Villani, Célia Euvaldo, Wolfram Ullrich, Elizabeth Jobim, Carla Chaim, Carlos Nunes, Ding Musa e Guto Lacaz,.
Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em 1997, a única instituição no Brasil que cataloga documentação de artistas.
https://www.instagram.com/galeriaraquelarnaud/
SERVIÇO
Piero Atchugarry Gallery — Five Decades of Galeria Raquel Arnaud
01 de dezembro de 2024 a 01 de março de 2025
5520 NE 4th Ave
Miami, FL 33137