
Protagonizada por Bárbara Colen e Lavínia Castelari, primeira obra de ficção de Marcos Pimentel reflete sobre o impacto ambiental e humanitário da ação inconsequente das mineradoras, trazendo imagens reais das tragédias de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais
Uma das produções mais aclamadas na 26ª Edição do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, o filme “O Silêncio das Ostras” (“Oysters’ Silence”), primeira obra de ficção do diretor e roteirista Marcos Pimentel, tem conquistado a atenção da crítica nacional e internacional por apresentar uma realidade muito comum, porém constantemente suprimida em um Brasil displicente.
Protagonizado pelas atrizes Bárbara Colen e Lavínia Castelari, em três diferentes tempos, ao lado de grande elenco, o longa apresenta a dinâmica de uma família extremamente humilde e que sobrevive por conta das atividades de mineração dominadas em um vilarejo na região de Brumadinho, em Minas Gerais.
“O Silêncio das Ostras” apresenta uma história de solidão e despedidas, em um ambiente devastado pela ambição humana e de grandes empresas, resultando em um filme-denúncia delicado, por meio de um drama familiar recorrente, expondo a falta de futuro dos trabalhadores e moradores da região e o impacto de um dos maiores desastres ambientais e humanitários do Brasil.
Ambientada a partir da década de 80, a produção é vista sob o olhar da personagem Kaylane, a caçula de uma família formada por mais quatro irmãos, que vive instigada por suas reflexões e pelo medo de possíveis mudanças e perdas da vida. Sua mãe, Cleude (Sinara Telles), é uma mulher repleta de sonhos e perturbada por uma carga emocional de uma vida inteira arrasada pelas mineradoras. Viúva de um marido vivo, incapacitado devido às condições insalubres de trabalho, ela vê os filhos seguirem o caminho do pai, já que a fonte de renda da região vem da mineração.
Na trama, as partidas se tornam algo comum na vida de Kaylane, que vive e cresce na comunidade de operários. Ela vê o tempo passar em um ritmo diferente do imposto pela produtividade do capitalismo, nutrindo uma curiosidade única pela vida e permeada não só pelo instinto de sobrevivência, mas também sua sensibilidade, imaginação e sua forma singular de se relacionar com a natureza e os insetos que encontra durante suas andanças.
Sozinha em um cenário ocre e destruído pela inconsequente ação das mineradoras na região, ela se torna vítima do êxodo de sua própria história, buscando caminhos e direções para seguir em frente.
“Por entre montanhas e futuras “ex-montanhas” de Minas Gerais, acompanhamos Kaylane e suas andanças pelas paisagens que a habitam e a consomem. A atividade mineradora resultou em inúmeros lugarejos e cidades-fantasmas em Minas Gerais”, explica o diretor Marcos Pimentel. “De certa maneira, o filme busca reabitar, reocupar e repovoar esses lugares, como se a narrativa do filme aspirasse conferir uma possibilidade de permanência para cenários que foram extraídos à exaustão. A mineração roubou-lhes não somente o solo, mas também a crença e a alma”, completa.
Além de mostrar toda a exploração da região e a extração da vida e nutrientes presentes na natureza e no vilarejo, “O Silêncio das Ostras” traz cenas reais do rompimentos de barragens no estado de Minas Gerais, que resultou na morte de 270 pessoas e no despejo de mais de 12 milhões de metros cúbicos em dejetos tóxicos em uma área de cerca de 270 hectares, equivalente a 378 campos de futebol, que chegou até o mar.
“Neste ano, completamos 10 anos da tragédia do rompimento da barragem do Fundão e seis anos da tragédia em Brumadinho. Desastres reais que silenciaram sonhos e destruíram vidas. ‘O Silêncio das Ostras’ retrata uma tragédia que virou ficção de uma dor que ainda é real”, finaliza o cineasta Marcos Pimentel.
“O Silêncio das Ostras” chega aos cinemas no dia 26 de junho.
Sinopse: A vida de uma menina que nasceu em uma vila de operários de uma mina e tem que aprender a lidar com as sucessivas perdas que a vida lhe reservou. Depois de perder todos os seus mundos, Kaylane insiste em sobreviver e resistir. Um filme sobre crescer, sobreviver e sonhar em meio à poeira, à lama e ao silêncio.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=OZIJZOdZ5Uk&ab_channel=Olhar
Ficha Técnica:
“O Silêncio das Ostras”
Classificação: 12 anos
(Ficção, Drama | Brasil| 127’ | 2024)
Elenco: Bárbara Colen, Lavínia Castelari, Sinara Teles, Adyr Assumpção, Lucas Oranmian, João Filho, Kaio Santos, Daniel Victor, Israel Xavier, Ryan Talles, Carlos Morelli, Lenine Martins, Renato Novaes Oliveira, Lira Ribas, Dinho Lima Flor, Cláudio Lima e Helvécio Izabel
Direção e Roteiro: Marcos Pimentel
Produção: Luana Melgaço, Marcos Pimentel
Produção Executiva: Luana Melgaço, Fernanda Vidigal
Direção de Produção: Clara Bastos
Direção de Fotografia: Petrus Cariry
Direção de Arte: Juliana Lobo
Direção de Som: Camila Machado
Montagem: Ivan Morales Jr.
Edição de Som e Mixagem: Vitor Coroa
Tratamento de imagem: João Gabriel Riveres
Assistência de Direção: Débora de Oliveira
Figurinista: Gabriella Marra
Caracterização: Ju Bolze
Consultoria de Roteiro: Thais Fujinaga
1º Assistente de Direção: Débora de Oliveira
2º Assistente de Direção: Vinícius Rezende Morais, Gabi Filippo
Produção de Elenco:Ricardo Alves Jr, Germano Melo
Preparação de Elenco: Anna Kutner
Pesquisa de Locação: Mariana Andrade, Djalma Café
Produção: Tempero, Anavilhana
Distribuição: Olhar Filmes
Apoio na distribuição: Projeto Paradiso – Prêmio Seminário de Exibição Panorama.
Hashtag: #NãoFoiFicção
Sobre o Diretor – Marcos Pimentel é documentarista formado pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba) e especializado em Cinema Documentário pela Filmakademie Baden-Württemberg, na Alemanha. Também é graduado, no Brasil, em Comunicação Social (UFJF) e Psicologia (CES-JF). Diretor e roteirista de documentários que ganharam 100 prêmios por festivais nacionais e internacionais e foram exibidos em mais de 700 festivais de 52 países. Desde 2009, é professor do departamento de documentários do curso regular da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba). O Silêncio das Ostras é a sua primeira obra de ficção.
Sobre a Tempero – A Tempero é um espaço de criação e produção audiovisual, sediado em Belo Horizonte, que tem foco no cinema autoral e na produção de documentários. Entre seus filmes, destacam-se os longas-metragens “Amanhã” (Doc, 2023); “Três Tigres Tristes” (Ficção, 2022); “Pele” (Doc, 2021); “Os Ossos da Saudade” (Doc, 2021); “Fé e Fúria” (Doc, 2019); “El Hombre que Cuida” (Ficção, 2017), realizado em regime de coprodução com a República Dominicana e Porto Rico; “A Parte do Mundo que Me Pertence”(Doc, 2017); e “Sopro” (Doc, 2013); assim como os curtas-metragens “Sanã” (Doc, 2013); “A Poeira e o Vento” (Doc, 2011); “Taba” (Doc, 2010); “Pólis” (Doc, 2009); “A Arquitetura do Corpo” (Doc, 2008); e “O Maior Espetáculo da Terra”(Doc, 2005). Já entre suas produções para televisão, destacam-se o telefilme “Dia de Reis” (Ficção, 2018), co-produzido pela Globo Filmes e exibido como Especial de Fim de Ano pela emissora Globo Minas; a série “Diários SObre o Corpo” (Doc, 2017); os telefilmes “As Batalhas da Fé”(Doc, 2017); “Ruminantes” (Doc, 2005), exibido para toda Europa pelo Canal ARTÈ; e “Horizontes Mínimos” (Doc, 2012), contemplado pelo DOCTV América Latina e exibido em emissoras públicas de 15 países latino-americanos. Mais informações no site oficial www.temperofilmes.com .
Sobre a Anavilhana – Fundada em 2005, a ANAVILHANA surge do encontro entre Clarissa Campolina, Luana Melgaço e Marília Rocha. Ao longo de quase 20 anos, criaram desenhos de produção próprios para cada trabalho de forma a priorizar a liberdade e autonomia dentro dos processos criativos. No espaço da Anavilhana buscam desenvolver novos olhares cinematográficos, trocando experiências, inspirações e construindo uma rede de colaborações. Nesse percurso, mais de 30 obras audiovisuais foram lançadas, entre elas quatro coproduções internacionais, todas com ampla participação no mercado de cinema autoral; assim como curtas e longas-metragens, instalações, séries de TV e teatro. As produções também estiveram em destaque no circuito comercial de cinema e em plataformas de streaming no Brasil e no exterior. Em parceria com a Tempero Filmes, coproduzimram os longas “Sopro” (Doc, 2013), “A Parte do Mundo que Me Pertence”(Doc, 2017), “Os Ossos da Saudade” (Doc, 2021) e “O silêncio das ostras” (Ficção, 2024). Mais informações no site oficial: www.anavilhana.art.br .
Sobre a Olhar Filmes – Nascida do desejo de buscar a pluralidade de experiências, visões de mundo e diversidade, a Olhar Filmes busca transpor fronteiras que limitam a ficcionalidade e a realidade, levando as produções a outros olhares, com o objetivo de sensibilizar e provocar reflexão, promovendo filmes que dialogam com a contemporaneidade, a multiplicidade de realidades e narrativas. Os filmes distribuídos pela Olhar já marcaram presença em vários festivais nacionais e internacionais, ganhando prêmios em muitos deles, como Festival de Cannes, Sundance Film Festival, San Sebastian, Festival de Berlim, Festival de Rotterdam, BFI London, Dok Leipzig, Frameline, Indie Lisboa, Festival de Gramado, Mostra São Paulo, Festival do Rio, dentre outros, somando mais de 700 participações e 150 prêmios. Contribuindo para o crescimento do cinema brasileiro, a Olhar Filmes já distribuiu filmes no BRasil e outras partes do mundo, e, recentemente, lançou sua própria plataforma de exibição, a Olharplay, com catálogo vasto com muitos dos seus pais, além da disponibilidade nas plataformas populares de streaming, Globoplay, Telecine, Netflix, Mubi, Prime Video e Apple TV. Entre os títulos lançados pela Olhar, destacam-se os filmes “Meu Corpo é Político” de Alice Riff; “Nóis por Nóis”, de Aly Muritiba e Jandir Santin; “Os Primeiros Soldados” de Rodrigo de Oliveira; “Alice Júnior” de Gil Baroni;“Meu Nome é Daniel” e “Assexybilidade” de Daniel Gonçalves; “Vento Seco” de Daniel Nolasco; “A Mesma Parte de Um Homem” de Ana Johann; “UÝRA, A Retomada da Floresta” de Juliana Curi; “Rafiki” da diretora queniana Wanuri Kahiu; e “Praia Formosa” de Julia De Simone. Mais informações no site oficial: www.olharfilmes.com.br .