Para muitos que chegam à idade adulta sem diagnóstico, os sintomas de autismo passam despercebidos, camuflados, interpretados como “esquisitices” ou personalidades difíceis.

 

Como bem relata o Dr. Matheus Trilico, que é neurologista referência nacional no tratamento para esse público específico: “Muitos adultos passaram a vida ouvindo que eram esquisitos, frios ou intensos demais, até que o diagnóstico funciona como acender uma luz num quarto onde se viveu por anos no escuro”.

 

Segundo o neurologista, adultos autistas frequentemente usam estratégias conscientes ou inconscientes de “camuflagem social” para não se sentirem excluídos, um esforço que pode levar a uma exaustão contínua e a um desgaste emocional profundo. Muitas vezes, isso se reflete em tensão, ansiedade ou depressão não porque algo está errado com a pessoa, mas pela energia gastada tentando parecer neurotípico.

 

Desconfortos sentidos, mas não compreendidos

Mesmo considerando o autismo como um transtorno do neurodesenvolvimento presente desde a infância, há muitos fatores que só se manifestam ou ganham significado mais tarde, especialmente diante da rotina adulta. O Dr. Trilico destaca que a comunicação social menos direta e clara, sensibilidade a estímulos sensoriais e dificuldade para lidar com interrupções ou alterações de rotina são angústias frequentes nessa fase da vida. Esses desafios incluem: interpretar expressões faciais, compreender ironias ou gestos sutis e enfrentar ambientes ruidosos ou com muita luz, que podem desencadear estresse imediato.

 

Em relação ao diagnóstico

O diagnóstico tardio é, muitas vezes, um momento de alívio, a chave para entender por que a vida foi tão difícil por tanto tempo. Dr Matheus menciona que, ao descobrir ser autista na vida adulta, muitos relatam uma liberação emocional e uma nova possibilidade de autocompaixão, assim como melhores chances de receber apoio e tratamento adequado.

 

A sociedade precisa mudar: inclusão e apoio estruturado

 

Dr. Matheus enfatiza que a verdadeira inclusão se dá quando não é o autista que precisa se adaptar ao mundo, mas sim o mundo que se ajusta para incluir o autista. Isso implica:

 

• Adaptação de ambientes sociais e profissionais: espaços mais calmos, com comunicação clara, rotina previsível, flexibilidade de horários.

• Capacitação de profissionais de saúde para identificar sinais sutis de TEA na vida adulta e oferecer terapia adequada.

• Campanhas de conscientização para desconstruir estereótipos e reconhecer habilidades únicas, porque muitos autistas têm talentos extraordinários que merecem ser valorizados.

 

Com base nas recomendações do Dr. Matheus Trilico, aqui vão algumas estratégias eficazes:

1. Rotina estruturada: reduz ansiedade e cria previsibilidade.

2. Exercícios físicos regulares: melhoram o humor e reduzem o estresse.

3. Apoio social positivo: redes de suporte e grupos de autistas promovem pertencimento.

4. Desenvolvimento das habilidades de comunicação: ajuda a diminuir frustrações no convívio social.

5. Terapia especializada: TCC, psicoterapia ou outras abordagens respeitosas são fundamentais.

6. Cuidados com saúde física: alimentação saudável e dormir bem fortalecem a saúde mental.

 

Sobre o Dr. Matheus Trilico

 

Dr. Matheus Luis Castelan Trilico – CRM 35805PR, RQE 24818.

 

Médico pela Faculdade Estadual de Medicina de Marília (FAMEMA);

Neurologista com residência médica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR);

Mestre em Medicina Interna e Ciências da Saúde pelo HC-UFPR

Pós-graduação em Transtorno do Espectro Autista