
A mostra na Galeria Berenice Arvani, em São Paulo (SP), ocorre até o dia 16 de maio; são obras da arte pop brasileira das décadas de 60 e 70, de artistas como Nelson Leirner, Judith Lauand, Teresa Nazar, Glauco Rodrigues, Zélio Alves Pinto, entre outros do movimento Nova Figuração
A Galeria Berenice Arvani, em São Paulo (SP), encerra a exposição “Pops e Rebeldes”, com curadoria de Celso Fioravante, nesta sexta-feira (dia 16 de maio). Aberta em 27 de março, a previsão inicial para encerramento era 5 de maio. A mostra lança olhares sobre a produção artística contemporânea do Brasil dos anos 60 e 70, que permanece muito atual, sobretudo por conta dos questionamentos sobre a censura, repressão e violência da ditadura. São criações de artistas de uma geração que criou a arte pop brasileira, a Nova Figuração, consagrada a partir da exposição Opinião 65, no MAM Rio.
A galerista Berenice Arvani vê a Nova Figuração como um dos movimentos mais intensos da arte brasileira, uma resposta crítica ao abstracionismo ao mesmo tempo que se manifestava sobre dilemas sociopolíticos da década de 60. “Os artistas ‘Pops e Rebeldes’ da época marcaram uma identidade visual que influencia gerações de outros artistas até hoje”, afirma.
Já o jornalista e curador Celso Fioravante acrescenta que os artistas locais exibiram uma nova imagem do país. “Um Brasil com sangue nas veias, que grita, moldada a partir de questionamentos a fatos perversos, como a censura, a repressão e a violência impostas pela ditadura de 1964. Além disso, deglutiram movimentos artísticos como o construtivismo, a arte popular e o expressionismo”, diz.
Artistas participantes
Antonio Henrique Amaral: conhecido por sua série “Bananas”, em que utiliza a figuração para expressar críticas ácidas ao regime político e à repressão da época.
Décio Noviello: artista e designer gráfico, destacou-se pela fusão entre a arte e a comunicação visual, criando obras de forte impacto estético e social.
Glauco Rodrigues: trouxe para suas telas um olhar irônico e colorido sobre a identidade brasileira, ressignificando símbolos nacionais com um viés crítico.
Inácio Rodrigues: explorou a relação entre a figuração e o abstrato, utilizando cores vibrantes e composições dinâmicas para expressar sua visão de mundo.
Irmgard Longman: trouxe uma abordagem singular para a arte pop brasileira, combinando elementos geométricos e figurativos para criar uma estética sofisticada e impactante.
Judith Lauand: transcendeu o concretismo ao incorporar novas experiências visuais, tornando-se uma das grandes expoentes da arte brasileira.
Maurício Nogueira Lima: um dos grandes nomes da arte concreta, mas também transitou pela Nova Figuração, explorando a interação entre cor, forma e comunicação visual.
Nelson Leirner: conhecido por sua ironia e crítica contundente ao mercado de arte e à cultura de consumo, utilizando ready-mades e objetos cotidianos em suas obras.
Rubens Gerchman: um dos principais nomes da Nova Figuração, trazendo para suas obras um diálogo direto com a sociedade, a política e a linguagem da propaganda.
Teresa Nazar: artista argentina radicada no Brasil, incorporou elementos surrealistas à sua produção, criando imagens oníricas e repletas de simbolismo.
Tomoshigue Kusuno: de origem japonesa, imprimiu sua influência oriental na arte pop brasileira, criando uma estética diferenciada e de forte impacto visual.
Victor Gerhardt: explorou temas urbanos e sociais em suas obras, trazendo uma abordagem crítica e inovadora para a figuração brasileira.
Zélio Alves Pinto: transitou entre a arte plástica e o cartum, utilizando um traço ágil e expressivo para retratar a sociedade com humor e perspicácia.
Nova Figuração Brasileira
O movimento Nova Figuração, surgido nos anos 60, rompeu com a abstração predominante e trouxe de volta a imagem figurativa, mas, dessa vez, de forma reinventada, agressiva e crítica, principalmente à ditatura militar que comandou o país de 1964 a 1985.
Inspirados pela pop art, pelo expressionismo e pela cultura de massa, os artistas desse movimento criaram obras vibrantes e provocativas, abusando da apropriação de imagens e iconografia urbana para abordar temas como consumo, censura, política e identidade nacional.O movimento ainda é chamado de Pop Art Brasileira, porém a conexão se limita apenas a influências de forma, estética e linguagem, pois a versão americana do movimento tem muito pouco posicionamento político-ideológico, concentrando suas críticas mais diretamente à sociedade de consumo.
Serviço
Exposição “Pops e Rebeldes”
Curadoria: Celso Fioravante
Em cartaz até 16 de maio
Dias e horários de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h.
Galeria Berenice Arvani
Rua Oscar Freire, 540, Jardins, São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3082-1927
Site: www.galeriaberenicearvani.com
Instagram: @galeriaberenicearvani