
Especialista da Afya Educação Médica de Porto Alegre explica a importância do aleitamento materno e oferece dicas nutricionais para mães que amamentam ou vão amamentar
O aleitamento materno é amplamente reconhecido como uma das estratégias mais eficazes para a promoção da saúde infantil e materna. Seus benefícios vão além da nutrição, com impactos significativos no desenvolvimento cognitivo das crianças, na prevenção de doenças e na redução dos custos para os sistemas de saúde pública. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomendam que a amamentação seja iniciada ainda na primeira hora após o parto, mantida de forma exclusiva até os seis meses de vida e continuada, juntamente com a introdução alimentar adequada, até os dois anos ou mais.
Os efeitos positivos do aleitamento materno são amplos e duradouros, beneficiando tanto o bebê quanto a mãe. Para os pequenos, o leite materno representa a principal fonte de proteção imunológica nos primeiros meses de vida, reduzindo comprovadamente o risco de infecções respiratórias, diarreias, otites, obesidade, asma, diabetes tipo 1 e até a síndrome da morte súbita infantil (SIDS), além de promover melhorias no desempenho cognitivo e no desenvolvimento emocional.
Para as mães, amamentar diminui o risco de câncer de mama e ovário, diabetes tipo 2, hipertensão e síndrome metabólica, além de auxiliar na recuperação pós-parto e fortalecer o vínculo afetivo com o bebê. Diante de tantos benefícios, a amamentação deve ser entendida não apenas como uma escolha individual, mas como uma prática que precisa ser incentivada, protegida e apoiada por toda a sociedade.
Segundo Fernanda Silveira de Nogueira Berthier, professora de pediatria da Afya Educação Médica de Porto Alegre, garantir que mães recebam orientação adequada e apoio durante o pré-natal e o pós-parto é essencial para o sucesso do aleitamento. “O leite materno é um recurso natural, completo e acessível, com potencial de salvar vidas e transformar o futuro de milhares de crianças. Ele é considerado o alimento mais completo para o bebê nos primeiros meses de vida, pois contém todos os nutrientes necessários, anticorpos que fortalecem a imunidade e é de fácil digestão”.
Além disso, a especialista destaca a importância na promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho, que reduz riscos de doenças respiratórias, diarreias e até obesidade no futuro. “Nosso papel como profissionais de saúde é oferecer informação de qualidade e apoio contínuo para que mais mulheres possam amamentar de forma segura, tranquila e com confiança”, afirma a pediatra da Afya Porto Alegre.
Para auxiliar as mães que amamentam e também as que estão se preparando para este momento, Fernanda compartilha algumas dicas fundamentais:
1. Priorize uma alimentação equilibrada
Durante a gravidez e o período de amamentação, é fundamental que a mãe mantenha uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais. Isso significa consumir boas fontes de proteínas magras, como ovos, carnes magras, peixes e leguminosas, além de incluir gorduras saudáveis presentes no abacate, azeite de oliva, castanhas e sementes. Os carboidratos devem ser preferencialmente integrais, como arroz integral, aveia e batata-doce, sempre acompanhados de uma boa variedade de frutas e vegetais, que são importantes para fornecer vitaminas, minerais e fibras.
2. Hidratação é essencial
A hidratação também merece atenção especial. Como a produção de leite aumenta a necessidade de líquidos, recomenda-se que a mãe beba pelo menos 2,5 a 3 litros de água por dia. Chás leves como camomila e erva-doce podem ser bons aliados, mas o consumo de refrigerantes, bebidas açucaradas e cafeína deve ser limitado, pois podem afetar tanto a saúde da mãe quanto o bem-estar do bebê.
3. Suplementação pode ser necessária
Durante o período de amamentação, a suplementação pode ser necessária para garantir a saúde da mãe e o pleno desenvolvimento do bebê, mas sempre deve ser feita com acompanhamento médico. Nutrientes como ferro, vitamina D, cálcio, ômega-3 (especialmente o DHA), iodo e vitamina B12 podem precisar ser suplementados conforme as necessidades específicas de cada mulher. O ferro, por exemplo, é essencial para prevenir anemia, sobretudo em casos de perda sanguínea no parto. Já a vitamina D contribui para a imunidade e o metabolismo ósseo, enquanto o DHA é fundamental para o desenvolvimento neurológico do bebê, especialmente se a mãe não consome peixes com regularidade. O iodo, por sua vez, é importante para o bom funcionamento da tireoide, que tem papel direto na produção de leite. Mulheres vegetarianas ou veganas devem ter atenção especial à vitamina B12, cuja suplementação costuma ser indispensável. Em alguns casos, pode-se indicar um polivitamínico pós-natal, desde que fundamentado em exames laboratoriais e na avaliação clínica.
4. Evite dietas restritivas
É importante lembrar que esse não é o momento ideal para fazer dietas restritivas ou tentar emagrecer rapidamente. O foco deve ser oferecer ao corpo todos os nutrientes necessários para a produção de leite e recuperação do parto. Dietas muito restritas podem prejudicar a qualidade do leite e a saúde da mãe. Por isso, o ideal é realizar refeições equilibradas e fracionadas ao longo do dia, garantindo energia constante e prevenindo picos de fome.
5. Limite alimentos ultraprocessados
Evite produtos com excesso de açúcar, sódio e aditivos químicos. Isso pode afetar sua saúde e, indiretamente, o bebê.
6. Atenção ao consumo de cafeína e álcool
O consumo de álcool deve ser evitado, pois pode passar para o leite; caso ocorra, é necessário respeitar um intervalo de pelo menos 2 a 3 horas por dose antes de amamentar. A cafeína também deve ser limitada, pois em excesso pode deixar o bebê mais irritado ou atrapalhar o sono dele.
7. Fique atenta a possíveis alimentos que causam desconforto no bebê
Alguns alimentos podem causar desconfortos intestinais no bebê, como cólicas ou gases, mas isso varia muito de criança para criança. Não é necessário excluir alimentos como feijão, brócolis ou repolho preventivamente. A recomendação é observar a reação do bebê e discutir com um profissional antes de fazer restrições alimentares desnecessárias.
8. Coma pequenas porções, várias vezes ao dia
Isso ajuda a manter a energia estável, evita picos de fome e melhora o controle do peso a longo prazo.
9. Tome cuidado com “chás milagrosos”ou receitas caseiras
Nem todo chá é seguro na amamentação (como boldo, sene, hibisco). Sempre pergunte ao seu médico ou nutróloga.
Sobre a especialista
Médica Pediatra, professora do Curso de Pós-Graduação Médica, na especialidade de Pediatria, da Afya Educação Médica de Porto Alegre. Médica formada pela Universidade Federal do Rio Grande. Realizou observership em Gastroenterologia Pediátrica no Broward Health Medical Center em Fort Lauderdale nos EUA. Residência médica em pediatria pelo Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Residência médica em Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Especialista em Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP. Médica rotineira na enfermaria pediátrica no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Preceptora de Residência em Pediatria do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP.
Sobre a Afya em Porto Alegre
Com o objetivo de aumentar a possibilidade de formação continuada de médicos de toda região Sul, a Unidade Afya Educação Médica Porto Alegre foi inaugurada há quase 3 anos. Suas atividades acontecem em um espaço com sete salas de aula para os cursos de pós-graduação e Latu Sensu distribuídas 1,5 mil metros quadrados. E ainda abriga 18 consultórios, atendendo gratuitamente a 220 pacientes, previamente agendados, encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas prefeituras municipais conveniadas. A unidade é dirigida por Josiane Rial Barenho.
Sobre a Afya
A Afya, líder em educação e soluções para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br.