
Para marcar o primeiro ano de uma das maiores tragédias climáticas que o Rio Grande do Sul enfrentou, a Caravana do Futuro, iniciativa da organização de campanhas e comunicação Aurora Lab, promoveu na sexta-feira, dia 2 de maio, uma projeção na chaminé do Gasômetro, em Porto Alegre, destacando frases como ‘Não foi a chuva, foi o descaso’ e ‘Um ano depois, ainda faltam respostas.’. A ação teve como objetivo reforçar o compromisso com a lembrança das vidas perdidas, o reconhecimento das consequências da crise climática e a urgência de políticas públicas que coloquem a vida no centro desse debate.
A Caravana do Futuro parte do Sul do Brasil em direção ao Norte com a proposta de sensibilizar milhares de pessoas ao longo do percurso a sonhar com um futuro em que clima, justiça e trabalho andam lado a lado. A iniciativa vai percorrer mais de 21 mil quilômetros passando por cerca de 35 cidades, com uma agenda que inclui ações formativas, debates e atividades culturais. O destino é Belém do Pará, quando a equipe pretende apresentar tudo o que foi construído coletivamente ao longo de seis meses de jornada para os participantes da COP 30, em novembro.
No lançamento, no dia 1º de maio, a Caravana do Futuro esteve junto a sindicatos e movimentos de trabalhadores no ato do dia do trabalho, que aconteceu na Casa do Gaúcho, com o objetivo de dialogar com representantes sindicais e trabalhadores de setores impactados pela transição energética e pela crise climática. Ainda na sexta-feira, antes da projeção, a equipe realizou uma ação de escuta ativa na Praça Montevidéu, no Centro Histórico de Porto Alegre, uma das áreas mais impactadas pelas enchentes, com transeuntes que foram convidados a compartilhar suas dores, memórias e reflexões, respondendo a pergunta: “Onde você estava um ano atrás?”. Os relatos viraram bordados pelas mãos das bordadeiras do coletivo Linhas de Poa (@linhasdepoa), transformando palavras em linhas, e escuta em memória viva.
“A crise climática tem rosto, voz e território. E é na escuta atenta e nos encontros que começamos a construir um outro futuro. Porque acreditamos que o futuro se constrói coletivamente: com diálogo, afeto e com quem mais sente os impactos da crise climática no centro das soluções. E nosso trabalho aqui também é pressionar o poder público para que escute essas pessoas. Não adianta falar em reconstrução sem considerar quem mais sofreu diante dos eventos climáticos extremos, sem garantir o direito à vida e ao bem-viver”, afirma Gabriela Vuolo, diretora executiva de Aurora Lab.