Especialista explica que a alta incidência de câncer de próstata no Brasil reflete tanto o envelhecimento populacional quanto a importância de monitorar fatores de risco
O câncer de próstata é uma das maiores preocupações para a saúde dos homens no Brasil e no mundo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país registrará cerca de 71.740 novos casos de câncer de próstata anualmente até 2025. Esse aumento de 8,5% em relação à estimativa anterior, que era de 65.840 casos, coloca esse tipo da doença como a segunda mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em termos de mortalidade, é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina, reforçando sua importância como um problema de saúde pública.
Dados como esses reforçam a relevância de campanhas como o Novembro Azul, que visam a trazer esclarecimentos sobre a importância da prevenção e os riscos da doença. “A alta incidência de câncer de próstata no Brasil reflete tanto o envelhecimento populacional quanto a importância de monitorar fatores de risco e estilos de vida,” explica o urologista Rodrigo Lima. “A maioria dos casos ocorre em homens com mais de 60 anos, mas fatores genéticos e o estilo de vida desempenham um papel importante.”
Fatores de risco e detecção
Os fatores de risco para o câncer de próstata incluem idade avançada, histórico familiar, excesso de peso, tabagismo e exposição a substâncias químicas, como aminas aromáticas e arsênio, comuns em certas indústrias. “Homens com histórico familiar de câncer de próstata devem estar ainda mais atentos. Sabemos que o risco é maior quando há casos na família antes dos 60 anos”, alerta Rodrigo.
Em muitos casos, o câncer de próstata evolui de forma silenciosa, sem sintomas iniciais evidentes. Quando presentes, os sinais podem ser confundidos com problemas benignos da próstata, como dificuldade de urinar ou a necessidade de urinar com frequência, especialmente à noite. Nos casos avançados, podem surgir dores ósseas e, em estágios mais críticos, insuficiência renal.
A detecção precoce do câncer de próstata pode ser feita através do toque retal e do exame de PSA (antígeno prostático específico), procedimentos simples que podem identificar alterações na próstata. O INCA, entretanto, não recomenda o rastreamento de rotina devido ao debate sobre os riscos e benefícios desse procedimento. “É importante que cada paciente entenda os riscos e os benefícios do rastreamento. Decisões informadas, com o acompanhamento médico, são essenciais para determinar a melhor estratégia individual”, esclarece o urologista.
Tratamentos e conscientização
O tratamento do câncer de próstata depende do estágio da doença. Em casos localizados, que não se espalharam além da próstata, as opções incluem cirurgia, radioterapia e, em situações específicas, a observação vigilante. Para casos localmente avançados, a radioterapia ou a cirurgia combinada com tratamento hormonal são frequentemente indicados. Nos casos metastáticos, onde o câncer já atingiu outras partes do corpo, a terapia hormonal se destaca como a abordagem mais recomendada.
“Hoje temos várias alternativas de tratamento, e cada uma delas deve ser discutida cuidadosamente entre médico e paciente, considerando os riscos e benefícios,” destaca o urologista.
Segundo ele, a individualização do tratamento é essencial para alcançar os melhores resultados e para preservar a qualidade de vida do paciente. “Ter um olhar atento e cuidar da própria saúde é a melhor forma de prevenir o avanço do câncer de próstata. Quando diagnosticado cedo, as chances de cura são muito maiores,” conclui Rodrigo Lima, lembrando que a parceria entre o paciente e o médico é essencial para o sucesso no combate a essa doença que, ainda hoje, desafia a saúde masculina em todo o mundo.