Surdos Fazem Cinema emocionou plateia durante a exibição na telona e já tem planos de retomada em 2025

 

No último dia 17 de agosto, o cinema brasileiro viveu um momento histórico e emocionante: diversos curtas-metragens protagonizados e realizados por alunos surdos foram exibidos no Cinemark do Shopping Cidade São Paulo, às 10h da manhã, durante a 2ª Mostra Surdos Fazem Cinema. O evento reforçou que a linguagem do cinema é, acima de tudo, universal e inclusiva.

 

Foram exibidos os inéditos “Banheiro Masculino”, “O Roubo do Bolo”, “O Tempo” e “Nem Sempre Dá Pra Ouvir, Mas Sempre Dá Pra Entender”, todos frutos do projeto Surdos Fazem Cinema, que oferece oficinas audiovisuais para fortalecer a autonomia e a expressão artística da comunidade surda. Além deles, o público conferiu curtas das edições anteriores (2022 e 2024) e o internacionalmente premiado “Amei Te Ver”, de Ricardo Cioni Garcia, que já soma 20 prêmios em 8 países e foi a inspiração para o nascimento da iniciativa.

 

Criador Marcos Vin, cobertura da Tv Cultura e os influenciadores Kelson Souza e Aline Martins.

 

A exibição reuniu aproximadamente 250 pessoas, entre convidados, familiares, estudantes, imprensa e influenciadores. Contou com a cobetura da TV Cultura de São Paulo, o site de notícias jovem DeuClick, além de influenciadores como Marcos Vinn (humorista surdo), Gabriel Issac (multiartista e criador em Libras), Aline Martins (eleita Melhor Comunicadora do ABC e SP+ Digital), Lanai Sá (conteúdo educacional e vida de vestibulanda) e Kelson Souza do Geek Collection (cultura geek no cinema, séries e etc.) entre outros.

 

O sucesso foi tão grande que a iniciiativa pretente ganhar novos rumos ainda em 2025, exclusivamente em Santo André (SP). Para 2026, a iniciativa ganhará novos rumos, com expansão para outros estados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, ampliando o alcance e o impacto do cinema acessível.

 

José V. que participou duas vezes do projeto “Surdos Fazem Cinema”

 

Para José V., aluno que atuou como diretor, ator e estagiário no evento, a experiência foi transformadora: “Foi a primeira vez que senti que a minha voz, mesmo em silêncio, podia ecoar tão alto numa sala de cinema. Dirigir, atuar e ainda aprender como funciona uma produção me mostrou que nós, surdos, podemos ocupar qualquer espaço no audiovisual.”

 

O cineasta e idealizador do projeto, Ricardo Cioni Garcia, celebrou a potência dos alunos: “Ver esses curtas na tela do Cinemark foi a prova de que o cinema é feito de olhares, não apenas de sons. Os alunos se apropriaram da linguagem audiovisual com coragem e poesia. Agora, nosso desafio é levar essa experiência para outras cidades e garantir que a arte feita por surdos chegue a cada vez mais pessoas.”

 

Sobre os curtas exibidos:

 

Banheiro Masculino – Dirigido por Rusdy Rabeh, aposta no humor físico inspirado no cinema mudo para narrar a saga de um homem tentando usar o banheiro — até se deparar com um tiktoker performando sem parar.

 

O Roubo do Bolo – Dirigido por Maria Clara, traz uma dupla hilária que elabora um plano inusitado para roubar um bolo — com direito a rato de mentira, armadilhas gourmet e muito caos.

 

O Tempo – Suspense que mostra três estudantes presos em uma escola onde o tempo parou misteriosamente às 12:12, explorando a confusão entre memória e realidade.

 

Nem Sempre Dá Pra Ouvir, Mas Sempre Dá Pra Entender – Retrata situações reais de comunicação na comunidade surda, destacando barreiras e soluções para uma sociedade mais inclusiva.

 

Exibições adicionais – Curtas das 1ª e 2ª edições do projeto e o premiado “Amei Te Ver” (dir. Ricardo Cioni Garcia).

 

O projeto contou com apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, Spcine, Instituto Santa Teresinha, Butikin Filmes e recursos da Lei Paulo Gustavo.