Relações amorosas com menos intensidade, mais segurança emocional e estabilidade financeira; conheça a tendência que ganha força entre a Geração Z

 

“A pressa – e o vazio – são fruto das oportunidades que não podemos perder”. A frase do sociólogo polonês Zigmunt Bauman reflete o que o estudioso chama de mal-estar da pós-modernidade. Na prática, viver correndo atrás e com pressa. Esse pensamento, que dominou a sociedade por décadas, vem sendo contestado pelas novas gerações e uma das tendências que emergem em seu lugar é a chamada ‘soft life’.

 

O estilo de vida leve traz um olhar para o bem-estar em detrimento da produtividade inesgotável e do aproveitamento de oportunidades a todo custo e isso tem um impacto direto na forma como a Geração Z vem enxergando e vivenciando o amor: refletida nos relacionamentos afetivos, a tendência leva a uma priorização de fatores que não estão ligados necessariamente à paixão.

 

Pesquisa realizada em 2025 pelo site de relacionamento MeuPatrocínio mostra que a segurança emocional e a estabilidade financeira estão entre os atributos mais importantes em um relacionamento para a Geração Z. Ao entrevistar pessoas de 18 a 29 anos de todo o país, o levantamento, realizado em parceria com o Instituto QualiBest, questionou quais as três características mais relevantes ao buscar uma pessoa para se relacionar. A segurança emocional recebeu 38% dos votos, e a estabilidade financeira, 34%. Para efeito de comparação, a aparência física teve 24% das escolhas.

 

O especialista em relacionamento do MeuPatrocínio Caio Bittencourt explica que “hoje em dia, ninguém quer perder tempo com aborrecimentos desnecessários, característica muito presente em relações convencionais”. Por isso, o representante da plataforma, que tem uma base de 16 milhões de usuários, a maioria da Geração Z, aposta que os relacionamentos que mais agradam os jovens hoje geralmente começam com a amizade:

 

“Normalmente, o clichê dos filmes de romance é representar duas pessoas estranhas que se esbarram por aí e acabam se apaixonando, mas na vida real isso ocorre quase sempre de outra forma. As pessoas estão mais propensas a começar a se relacionar com uma amizade, onde já há uma intimidade e confiança, o que facilita essa transição para um romance”, analisa Caio.

 

Como exemplo desse tipo de relacionamento com base na segurança emocional, estabilidade financeira e amizade, o especialista cita o sucesso da hipergamia nos últimos anos:

 

“A companhia de alguém disposto a uma comunicação aberta e honesta é facilmente encontrada no relacionamento Sugar, ou hipergamia. Não é por acaso que, nos últimos anos, o MeuPatrocinio.com tem experimentado um aumento de 276% no número de usuários”, exemplifica.

 

O que é hipergamia?

 

A mesma pesquisa realizada pelo MeuPatrocínio em parceria com QualiBest revelou que 30% dos jovens brasileiros da Geração Z têm algum interesse na hipergamia.

 

Mais conhecido como Sugar, esse é um tipo de relacionamento em que uma das pessoas tem um status econômico e social superior – é mais rica, tem influência em sua profissão, possui um vasto networking – e, por isso, apoia financeiramente a outra pessoa.

 

Em geral, a mulher que vive esse estilo de vida é chamada de Sugar Baby e o homem, de Sugar Daddy, expressões criadas ainda no início do século 20 nos Estados Unidos.

 

“O relacionamento Sugar é formado por pessoas que priorizam relações sem pressões e sem joguinhos. A proposta é que tudo seja leve, com transparência e base no diálogo”, resume Caio.

 

Saúde mental é prioridade

 

Segundo estudo internacional da American Psychological Association, a Geração Z busca ativamente soluções para o bem-estar emocional e encara a felicidade como resultado de fatores não apenas externos, mas também internos, como o equilíbrio emocional.

 

Ao apostar em soft life e em padrões de relacionamento fora da versão tradicional, a Geração Z está abrindo caminhos e perspectivas de aceitação de estilos de vida que mais se ajustem a suas novas prioridades.