Sertão Negro participa da 36ª Bienal de São Paulo, intitulada Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática. Fundado pelo artista Dalton Paula – que é representado pela Martins&Montero, galeria sediada na capital paulista – e pela pesquisadora Ceiça Ferreira, o projeto surge como um centro de prática artística, cuidado ambiental e aprendizagem coletiva, enraizado no bioma do Cerrado, no centro do Brasil.

 

Inspirado pelas tradições quilombolas do Território Kalunga, Sertão Negro não olha apenas para o passado, mas entrelaça modos ancestrais de viver e resistir com uma visão de soberania cultural e ecológica. Desde 2021, ocupa a borda norte de Goiânia com um conjunto de ações que cruzam arte, ecologia, pedagogia e emancipação.

 

Lá, coabitam um programa de residências, uma escola de arte, ateliês, sessões de cineclube, aulas de capoeira angola, uma horta agroecológica, um viveiro de peixes e uma biblioteca. As construções, feitas em taipa de pilão e outras técnicas de bioconstrução, manifestam um compromisso efetivo com o território e com a sustentabilidade.

 

Mas o alcance do projeto vai além da arte. Com o Sertão Verde, são cultivadas anualmente mais de duas toneladas de alimentos, baseados em saberes agrícolas afro-indígenas. Com o Sertão Vermelho, desenvolve-se a piscicultura como estratégia de segurança alimentar. Esses gestos sustentam uma ideia de soberania múltipla: cultural, ecológica e social.

 

Sertão Negro prioriza artistas negros e LGBTQIA+, apoiando criadores vindos de territórios historicamente marginalizados, no Brasil e em outros países. Por meio dessa constelação de ações — que inclui refeições coletivas, rodas de estudo e práticas corporais — o projeto cria um espaço onde aprender é inseparável de cultivar, cozinhar, viver junto.

 

Na Bienal, o Sertão Negro aponta para uma pergunta: como carregar, não apenas o nome, mas toda a rede de relações que o torna possível? O que significa tecer um território dentro de um espaço como este?

 

Mais do que se exibir, Sertão Negro sustenta uma presença. Paredes de terra, bancos de sementes, fragmentos de vida coletiva — cada elemento aponta para um movimento em continuidade, que a partir da região centro-oeste, articula a arte, a terra e a construção de futuros.

 

SERVIÇO

 

BIENAL DE ARTE DE SÃO PAULO

 

ABERTURA 06.09.2025

 

VISITAÇÃO até 11.01.2026

 

Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera