
A Ocre Galeria recebe, a partir de 19 de julho (sábado), a exposição Ascensão, primeira grande mostra individual de Carlos Trevi na capital gaúcha.
Com curadoria de André Severo e texto crítico de André Venzon, a exposição apresenta um conjunto com mais de 30 esculturas verticais, das mais variadas formas e tamanhos, que ressignificam fragmentos esquecidos, como: taças, cristais, pés de móveis, bibelôs e ornamentos, passando a formarem estruturas que evocam memória, beleza e transcendência. No dia 22 de julho (terça-feira), Trevi, Severo e Venzon participaram de uma conversa aberta ao público, realizada também na Ocre Galeria, às 18h.
As obras são compostas por elementos que tiveram outras funções e que, reorganizados em colunas e totens, ganham novos significados. Ao reunir pedaços de madeira, ferro, fios, tecidos e outros materiais, o artista constrói estruturas que evocam uma arqueologia afetiva, onde cada fragmento guarda o silêncio do que já foi e a potência do que pode vir a ser.
“Sempre me interessei pelo que os objetos ainda têm a dizer, mesmo quando parecem esquecidos. Gosto de pensar que cada peça carrega uma memória silenciosa, e meu papel como artista é oferecer a ela uma nova chance de expressão”, explica Carlos Trevi.
Resultado de uma pesquisa desenvolvida ao longo dos últimos anos, a mostra Ascensão investiga os sentidos simbólicos da matéria e sua capacidade de transformação com o passar do tempo. Nas esculturas, Trevi não apenas reformula os objetos: ele ativa suas memórias, criando uma linguagem que transita entre o sensível e o espiritual.
“São frágeis embarcações cujos mastros foram confeccionados a partir de pedaços de outros pedaços. O todo e as partes se movimentam, deslocam-se em espiral ascendente e se transformam sem sair do lugar”, observa o curador André Severo, que acompanha a trajetória do artista e propõe uma leitura da mostra como metáfora da metamorfose.
Com forte dimensão poética, as obras sugerem um deslocamento entre o visível e o invisível, o passado e o porvir. O público é convidado a perceber não apenas a forma final, mas também o processo simbólico de transformação presente em cada detalhe.
O crítico André Venzon, que acompanha de perto a produção de Trevi, observa que suas obras “nascem do entendimento profundo do que os objetos representam: fragmentos de histórias, memórias e possibilidades”. Ao reunir peças quebradas ou esquecidas em colunas verticais, o artista constrói, segundo Venzon, “monumentos contemporâneos” que desafiam o tempo e nos convidam à contemplação.
Entre o universo particular do artista e o espaço da galeria, as esculturas estabelecem um campo sensível, onde os fragmentos são reorganizados como pistas simbólicas da continuidade, da impermanência e da reconstrução. Ascensão propõe, assim, uma experiência que articula arte, memória e matéria, iluminando o invisível e revelando, poeticamente, que toda criação é também um renascimento.
Sobre Carlos Trevi
Natural de São Paulo, graduado em Administração atua como gestor e curador à frente de importantes instituições culturais, além da dedicação permanente às atividades práticas no âmbito das artes visuais. Desde 2015 mantém residência e ateliê em Porto Alegre, onde desenvolve seus trabalhos na forma de objetos e assemblages. Sua poética visual apresenta reflexões sobre as relações estabelecidas entre memória, identidade e patrimônio, tendo como ponto de partida as experiências vivenciadas com pessoas e lugares. Em 2014 realiza sua primeira exposição individual “Carlos Trevi – Territórios da memória”, na galeria Sobrado Escritório de Arte em Olinda (PE), com curadoria de Raul Córdula. Tem obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, no Museu do Estado de Pernambuco e em coleções particulares.
Sobre André Severo
Nascido em Porto Alegre (1974), é artista, curador e gestor cultural. Mestre em Poéticas Visuais (UFRGS), fundou o projeto Areal em 2000, com foco em arte contemporânea fora dos grandes centros urbanos. Criou projetos como Lomba Alta, uma residência artística, e Dois Vazios, que une cinema e artes plásticas. Realizou mais de dez filmes e instalações audiovisuais e publicou livros como Consciência errante e Soma. Foi curador da 30ª Bienal de São Paulo e da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza. Recebeu prêmios como o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2014) e o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.
Sobre André Venzon
Vive e trabalha em sua casa-ateliê-galeria, no 4º Distrito de Porto Alegre. Artista visual, curador e gestor cultural, é mestre em Poéticas Visuais (PPGAV/IA-UFRGS), especialista em Gestão e Políticas Culturais (Universidade de Girona/Espanha) e graduado em Artes Visuais (IA-UFRGS). Pesquisa os tapumes na paisagem urbana como elementos de significação poética e apresenta seus trabalhos em exposições, congressos, feiras e seminários. Destaque para a curadoria da mostra Nem Eu, Nem Tu: Nós, sobre Karin Lambrecht, no Santander Cultural (2017). Atuou como presidente da Associação Chico Lisboa, Conselheiro Estadual de Cultura, membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais e diretor do MACRS por duas gestões. Desde 2018, coordena a Galeria da Fundação ECARTA e é o atual diretor artístico do Instituto Cultural Laje de Pedra, em Canela (RS).
Sobre Ocre Galeria
A Ocre Galeria é um espaço dedicado à arte contemporânea, comprometido com a valorização e a difusão da produção artística brasileira. Fundada em maio de 2022, a galeria promove artistas de trajetória consolidada e emergentes, criando diálogos entre diferentes gerações e linguagens artísticas.
Serviço
Exposição Ascensão | Carlos Trevi
Endereço: Ocre Galeria – Av. Polônia, 495 – Porto Alegre/RS
Abertura: 19 de julho de 2025 (sábado), das 11h às 14h
Visitação: de 21 de julho a 16 de agosto de 2025
Segunda a sexta, das 10h às 18h | Sábados, das 10h às 13h30
Entrada Gratuita
** Conversa com o artista Carlos Trevi, André Severo e André Venzon, dia 22 de julho (terça-feira), às 18h, na Ocre Galeria, aberta ao público.